terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O sonho

Hoje eu sonhei com você. Na verdade, eu não tenho certeza exata. Não consigo me lembrar da aparência real, do seu rosto. Mas deve ter sido você, pois era mais que nítido o quanto me fazia bem e o quanto eu estava feliz em estar com você, somente por estar ao seu lado.

                Você me abraçava de uma maneira diferente, irreal, sem igual e mais nada me importava. As pessoas olhavam, elas não entendem. Elas só falam e falam, mas nada elas sabem. Nada me interessava naquele momento, nem a chuva, nem as pessoas. Nada.

                Será você? Eu acho que sim, algo no meu coração me diz que era você. Resta-me agora esperar que você me visite mais em meus sonhos íntimos e discretos; pra que, quem sabe, eu pergunte ou desvende sua verdadeira identidade. Mas era você, eu sei, eu sinto. 


sábado, 1 de novembro de 2008

Certas dúvidas

- Existe alguma relação?
- É obvio, é claramente observável.
- Defina-a, por favor.
- Não posso. Não é possível assim. Até porque não a entendo o suficiente para defini - lá.
- Descreva-a então.
- Ela é forte, como um grande touro de prazer; ao mesmo tempo é frágil, como uma pequena pétala de flor que cai ao chão. É altamente nociva. Me faz bem com certeza, me acalma, me relaxa; é certo que as vezes me mata de puro tesão e ocasionalmente me destrói como um diabólico guerreiro, mas eu adoro ela. Diria que sem ela não tem mais graça.
- Esclareça-a mais.
- Não é exatamente amor. Não, amor é forte demais. Ainda não é amor. Também não é uma simples amizade. Não somos “ficantes”, muito menos namorados. Não temos nada e ao mesmo tempo temos o suficiente.
- Ok! E porque não desiste então? Já que te incomoda.
- Desistir por quê? Não há motivos, não faz sentido ignorar, desconsiderando o fato de que me fará sofrer.
- E futuramente? Talvez não sofra mais?
- Sim. É muito possível, talvez certo. Mas deixar de viver por isso? É egoísmo, é podre, não é meu desejo. Não.
- Você sente medo?
- Muito. Medo de novamente e novamente sofrer, ou apenas medo da decepção do que não existe. Medo do futuro. Não será nada fácil olhar e saber que não me pertence, não mais. Lembranças como essas são importantes o suficiente para nunca serem esquecidas. São fortes.
- Se arrepende? Olhando agora o todo, faria novamente?
- Absolutamente sim. É um crescimento inconsciente absurdo. É mágico e repetiria quantas vezes fosse preciso.
- E agora, fará o que exatamente?
- Nada. Por simplesmente não ter o que fazer. Deixarei me levar até onde a estrada me pareça, não segura, mas pelo menos clara aos meus faróis velhos e desgastados.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O lago

A água de um lago sempre desagua em algum lugar. Um mar aberto, uma paisagem sem igual. Toda água segue seu caminho e ela pode até se tornar condensada, seca, rígida, rústica, ou até se vaporizar, virar um nada nesse universo. Mas a tendência divina dessa água é sempre um estado de pureza líquida, de movimento, sempre em busca de seu caminho, do horizonte azul. 
[...]
Só depende de você despoluir esse rio, ele é sua propriedade e só você tem o avarar para dar a ordem de limpeza.
[...]
Se você acha que consegue lidar, eu diria viver com essa poluição sentimental, tudo bem. Mas o difícil vai ser ver o lago dos outros tão límpido, cheio de peixinhos e não sentir nenhum pingo de inveja; e principalmente saber que você nem ao menos tentou, fugiu, preferiu não se importar, esquecer, deixar pra lá. Desleixo seu deixar chegar a esse ponto de podridão, acomodação sua não procurar uma cura rápida, lenta, enfim eficaz para essa imundice. Horrível saber que tudo está nas suas mãos e você simplismente se omite, com medo talvez que uma outra indústria poluidora venha te atingir novamente, ou não. Feio da sua parte, mais nojento que seu rio, essa premonição mal embasada de um talvez sofrimento.
Me revolto bastante com essa fácil desistência. E não peça meu apoio, pois é contra meus princípios suicídios instantâneos.
[...]
Eu quero ver esse rio brilhar de riquezas, eu quero vida vivendo nesse rio. E custe o que custar, eu estarei com você, nesse processo de despoluição. Sim, você tem o meu apoio e a minha total ajuda pra sair desse atoleiro de desilusão. Eu estou pronto a me sujar e a me adentrar nessa imundice dos infernos se for pra te salvar, pra te tirar daí. Grita minha ajuda, é só o que eu espero pra correr, te lançar uma corda e com os melhores sentimentos te livrar de uma vez por todas dessa carniça. 
[...]
Sai daí. Sai que você tem um mundo maravilhoso a sua espera. Um mundo que precisa de você, que sente sua necessidade. Sai e vem ver como é lindo o nascer do sol, vem tentar ser feliz. E se outros monstros poluidores cruzarem seu caminho, mostre toda sua superioridade e vença-os novamente, quantas vezes for preciso. Se a batalha for dura, você tem com quem contar.

domingo, 19 de outubro de 2008

Eu precisava

Eu me sinto mais leve, desabafado, solto. Eu precisava dizer, pro meu bem, eu precisava soltar toda essa carga que culminava nas minhas alturas. Eu precisava vomitar toda essa energia negativamente positiva, pra voltar a me sentir bem, pra voltar a viver.
Agora eu me sinto mais calmo, diria menos angustiado. Eu te prometi, eu te disse que se acontecesse eu contaria, com receio, mais contaria. Eu cumpri. Mas agora eu sinto algo novo, amedrontamento. Você simplesmente não se importou, ou fingiu, ou mentiu, ou nem ao menos sentiu, você não me demonstrou reação alguma.
Mas, pensando bem, o que eu esperava de você? Reciprocidade? Aversão? Não. Eu não esperava nada de você. Mas é que a imbecilidade humana sempre espera em uma esperança. Desculpa, porque talvez eu tenha causado um turbilhão de pensamentos na sua cabeça, porque talvez eu te preocupei, até te magoei, mas eu não detenho mais o controle.
É muito difícil, é muito novo, se é errado eu não sei, mas eu espero que não afete o que construímos até agora, por menor que seja. Aliás, é tudo que eu espero.
Eu me sinto meio retardado, parecendo ter feito tudo da maneira mais errada e absurda. As chances de um arrependimento são monstruosas, mas o que eu podia ter feito? Esconder um sentimento como esse não faz bem a nenhum ser pensante o suficiente.
Agora? Tempo. Você precisa, eu preciso. Nada mais do que isso. E que “Ele” proteja nossos corações, nossas mentes, minha vida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Profundidade

É uma dor que mistura meus órgãos, que revira minha cabeça, que me sufoca interiormente. É sem explicação, sem motivo, sem causa concreta. Mas ela existe e habita meu ser. É um pós sentimento perplexo, é uma ansiedade inimaginável, uma vontade de algo que não se define exatamente.
Ela já existia, não é nada novo. Mas agora ela é mais forte, arrebatadora ao ponto de me fazer chorar, de me fazer destruir meus pensamentos, meus passos. Agora ela vem e não vai, devora aos poucos. Talvez ela se defina insegurança, medo, solidão, talvez ela não se defina em nada.
Foi tudo tão exatamente perfeito que ainda consigo sentir o forte e doce perfume em meus lábios, em meus lençóis. A grandiosidade dessa perfeição se deve a pequenos e míseros detalhes – um cafuné ao colo, um olhar, um abraço, uma palavra, duas, três, um leve toque de pele – que me emocionam ao lembrar, que aumentam minha dor inconsistente.
É talvez, uma saudade, uma vontade, uma necessidade, não sei. Mas agora eu sei, que passou, que transbordou o prazer momentâneo. Agora eu tenho certeza do que sinto. Agora defino com todas as letras , clara e objetivamente, que gosto de você.
Gostar, apenas uma preferência. Não! É inconseqüência. É o que sinto lá dentro, onde nenhum outro ser já ousou em entrar. Não é desejo, antes fosse, é irracional.
Menosprezando nada estou. É complicado de entender, é estranho de vivenciar, é errado perante os dilacerados e você, eu sinto. Mas é o que eu sinto, nem seja o que eu quero, mas o que eu sinto.
No momento, eu desejo a cura, desejo não sofrer, desejo reciprocidade. No momento eu não desejo o certo, nem o errado, nem o que eu quero, eu desejo o que tiver de ser. Porque eu tentarei, nem que eu sofra, me esfole, me arrependa. Eu tentarei e eu queria muito ser, ao menos me imaginar feliz.

domingo, 12 de outubro de 2008

Indecisão

Eu gostaria muito de escrever hoje sabe, somente pelo fato de não perder o costume, não perder a intimidade diária das palavras para comigo. Eu gosto; me faz bem; talvez seja a melhor forma de me expressar congruentemente e subjetivamente. Sim, porque é uma maneira muito prática de ver as coisas, de expor os sentimentos, sem justificar, deixando a entender, a subentender.
Talvez hoje eu escreva sim. Depender muito do estado de espírito, da minha pessoa interior, do sentimento momentâneo, é o que mais acontece quando uno vogais e consoantes. Quando me sinto mal, quando acho que o mundo desabou e desencantou, são nessas horas que eu escrevo, e são nesses únicos estados que desenvolvo uma literatura digna da leitura de um senhor.
É, talvez hoje eu não escreva enfim. Me sinto bem, não sendo necessária a descrição em linhas de nada. Eu estou “legal”, eu me sinto assim, então não vou escrever. É, definitivamente não redigirei nenhum texto hoje, falar sobre o que? Não tenho nada a declarar, a declamar. Vou é me levar pra dentro de mim e apenas pensar, pensar e guardar em minhas costelas de aço.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Devastadoras

Olhando o céu e as arvóres, às 5:19 hs. O sol, ao longe, me iluminava intensamente. O vento soprava. Sons vinham de todas as partes. No reflexo dos vidros, eu via coisas. Enxergava lembranças. Saudades. Tudo se transformava em saudades.
Avistando a terra, molhada, úmida. Pequenas sementes brotavam inutilmente. Insetos perambulavam, sem direção. Me senti um deles.
A primeira gota finalmente caiu, trazendo consigo outras tantas. Em segundos, o dia se transformava em noite. Senti inveja. Nuvens carregadas de ódio se aproximavam. Devastadoras.
Podia sentir o medo dos pássaros. O primeiro som ecoou ao fundo, ao mesmo tempo que iluminava os céus. Rajadas traziam tristeza. Solidão.
Tudo se transformava em silêncio profundo. O vento falava o dialeto dos infernos. A água caia intensamente. A paz cessava, dava lugar ao desespero.
Desastre emocional. Conseguia sentir o que, exatamente, a natureza queria dizer. E desabei, assim como a chuva. E gritei, assim como o vento.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Eu não sei

Eu preferi estar off-line. Mas por quê? Talvez por querer não me mostrar presente. É um medo que invade minhas entranhas e se expande por todo meu ser, dilacerando-me.
Eu sinto a confusão se aproximando; eu não gosto dela; ela está cada vez mais perto de mim e ela me olha de uma maneira inconsciente, inconseqüente. É um sentimento que não desejo, que não quero ter. É uma bagunça imunda dos demônios que acaba com o pouco que resta do meu frágil ser. Eu me sinto fraco.
Olho aos lados e vejo três. Fulanos, cicranos e beltranos. Eles me rodeiam, me rodopiam; não me sinto bem, não confortável; eles tem suas qualidades, seus defeitos, as vezes me encantam, as vezes me irritam.
Um me dá eterno prazer, me apaixona por seus olhos verdes, cristais raros, me ensina a ser eu mesmo, me toca e transforma, me ama e não ama, me quer e me evita, me enlouquece; deliro e sonho, sinto falta; aquele olhar que me diz tudo sem ao menos tentar falar.
Outro não me excita tanto, nem possui olhos verdes-água, mas esse me diz o que preciso ouvir, no momento exato que preciso escutar. Esse me satisfaz, me dá de tudo que preciso, amor; por mais simples e idiota, distanciado, inanimado, as vezes seco; me dá amor e nada mais.
O terceiro brinca comigo, de brincadeiras que particularmente gosto e não gosto. Essa me demonstra normalidade e principalmente. Aceitação social, indiscriminação. Essa definitivamente não me excita, nem me ama verdadeiramente e puramente, mas esta me traduz estabilidade familiar, digamos “essa sim é aceitável”.
Se pudesse, não ficaria com nenhum, ou com todos. Mais o que queria mesmo era fundi-los em um só ser. Um perfeito guerreiro com armadura imortal que me salvasse dessa maldita destruição interior. Um ser-deus. Um normal, amável, com olhos cor de qualquer cor que me dissesse o que ele me diz, que me amasse irrefutavelmente e aceitável perante os outros ignorantes.
Mas como desejos inconseqüentes são ignorados aqui nesse cubículo onde sobrevivo, eu vou levando. Levando em conta tudo que eu sinto e tudo que eu quero. Com você? Já me acostumei, não se preocupe confusão. Você agora também faz parte da minha tentativa de viver.

Infinitas Noites

Você as vezes me mete medo, me dá prazer, me sufoca, me encanta, me namora, me ama. É uma distância estranha e insuportável e ao mesmo tempo viável, digamos, aceitável. Eu, as vezes te olho, de longe, e imagino.. Como deve ser? Seu soriso? Seu olhar? Seu abraço? Seu beijo? É bom, por enquanto, apenas imaginar, mentalizar, sonhar, desenhar, você aqui; no meu inexistente "mundinho".É egoismo meu te querer só e somente pra mim, aqui e em nenhum lugar a mais. Meu coração despara, para, repara, contrae, as vezes me sufoca; e não é tão simples de se explicar, de se entender. Mas eu vou levando pro meu, pro seu e pro bem geral.As vezes eu tenho vontade de gritar, sair correndo, pular, ir de encontro a você; não só a distância me segura, mas a insegurança, a timidez, a culpa, o descaramento.Eu peço a Deus, todas as infinitas noites, a felicidade eterna; a verdadeira, de um amor puro, simples, de um coração transbordante, de uma lágrima que cai; Eu quero, é uma necessidade concreta, é uma falta de você.