sábado, 28 de fevereiro de 2009

A despedida


Hoje, eu olhei pra você! Mais dessa vez olhei de uma maneira diferente, tão diferente que me assustei com o que eu senti.
Eu olhei, olhei concentradamente para você e vi lembranças, vi minha vida se passando em você, revivi momentos inesquecíveis e inexplicáveis.
Com uma música qualquer ao fundo e uma solidão incalculável, eu te olhei, não pela última vez mais como se fosse.
Senti uma saudade, uma coisa que não é muito normal nem comum. Eu senti saudade de você! E pensar que agora meu acesso era restrito a sua entrada! Como você ficava distante, cada vez mais distante.
Uma ansiedade, um certo desespero tomou conta de mim de uma forma. Segurei as lágrimas, fundo e forte. Não deu pra resistir. Hoje eu chorei por você!
E nem sei porque! Mas eu chorei, me senti melhor depois, mais ainda assim eu sabia que isso só aumentaria e pioraria a cada segundo da minha vida dali por diante.
Quando eu passava meus pequenos e aflitos olhos por toda a sua estrutura, sabe, a cada pedacinho que eu avistava eu lembrava de mim. Eu me vi em você! Lembrei-me de nosso primeiro encontro, as lágrimas pelo sonho que estava realizando, pude perceber então que já estava realizado e senti, senti com muita força que durante todo o processo esqueci-me que era um sonho, mas agora tudo fazia sentido. O sonho já havia realizado completamente e agora meus sonhos eram outros.
Será que um dia eu te esquecerei? Eu não quero me esquecer de você! E sinceramente não vou, tenho certeza.
Lembrei-me também de todos os momentos lindos e tristes que passei. Das infinitas pichações duplamente criminosas. Das eternas amizades, dos frutos plantados e colhidos, do amor demonstrado espontaneamente. Cheguei a uma conclusão. Eu só passei com você!Eu só tenho a te agradecer!
Revivi empolgantes fugas, tombos extraordinários, pessoas misteriosas, estranhos sermões. Ai! Lembranças voltaram a minha mente e fizeram um enorme turbilhão de pensamentos.
Foi então, que eu me virei. Eu me voltei contra você! E foi maravilhoso. A sensação de estar de volta ao planeta. Avistei uma paisagem singular, árvores, campos, montes, pessoas. Ao fundo o som de carros, buzinas, eternos ruídos da globalização. Foi aí que eu percebi. Eu tenho paz com você!
Virei-me novamente para você. Parecia-me um palácio, um monte, talvez um gigante protetor. Eu me sinto seguro com você!
Senti-me seguro, me senti homem, e pensar que quando te conheci eu não passava de uma criança inocente. Eu cresci em você!
E eu sei o quanto você foi e é importante pra mim. Eu tomei as proporções de você!
Definitivamente, olhando sem piscar para seus altos portões. Eu vi em questão de segundos, os três anos que eu passei em você. Eu vivi em você!
E hoje eu vou embora grato, apesar de todos os pesares, muito, mais muito obrigado mesmo ETPC!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Loucuras de uma senhora descontrolada


Deus! Abri a maldita carta e me deparei com, o que? Novecentos reais? Que absurdo! Uma senhora idosa e viúva não deveria ter que pagar toda essa grana para sustentar uma bosta de político que era o prefeito. A partir dos sessenta e cinco anos já se era insento da passagem de ônibus, deveria ser das contas e impostos também.
Não passo de uma humilde senhora, pobre e viúva. Recebo apenas uma mísera aposentadoria. Filho-da-puta, desgraçado, viado. Isso não vai ficar assim, vou acabar com a raça daquele cachorro.
No caminho da prefeitura só pensava nos possíveis palavrões que diria para aquele vagabundo.
Ao chegar, podia sentir meu corpo queimando, minha cabeça saia fumaça, minha boca falava sem que eu mandasse. Fui atendida primeiramente por uma estagiária mal-educada que foi logo dizendo pra procurar outra pessoa, pois ela era apenas uma “burra” estagiária e não saberia me responder. Que odio dela!
Mandou-me para a Central de Informações. Fui até lá, ainda tinha paciência para isso. A atendente olhou a correspondência e me mandou para a secretaria. Fui logo dizendo: -Tá achando que tô aqui fazendo "tour" pela prefeitura? Ela fingiu que não ouviu.
Fui pra secretaria, onde a recepcionista, a única pessoa educada e sensata naquela maldita prefeitura, observou a correspondência e achou um absurdo. Concordou comigo plenamente. Mas tadinha, não podia fazer muito por mim, me mandou para a acessora do prefeito.
Esperei horas para ser atendida e quando fui a ignorante me fez esperar mais para ver o prefeito.
Ela, enfim, me chamou. A hora havia chegado. Estava preparada pra tudo. Entrei e ele foi muito educado comigo até que eu lhe falasse o assunto. Notei indiscretamente a careta do maldito prefeito.
Ele olhou para a carta e depois pra mim e disse: - Qual o problema? Filho-da-mãe, pensei. Mandei a bolsa nele até que ele caísse no chão gemendo. Estava esgotada. Larguei o retardado estirado no tapete e sai da prefeitura.
Achei por um instante que fosse desmaiar, ou até infartar. Mas antes acabaria com a reputação daquele político mau-caráter.
Avistei um repórter fazendo uma notícia qualquer. Contei a ele, pediu meu nome e começamos a entrevista. Mais parecia Linha Direta.
Chinguei todos os nomes em rede nacional, quando o repórter me chamou insistindo e perguntou novamente meu nome. Eu lhe disse. Ele então me mostrou a carta e o nome era outro, parecido mas outro.
Que vergonha! Tudo estava explicado! Tudo!
Senti o mundo rodar, a vista escurecer, mas antes que desmaiasse ouvi o repórter dar a nóticia: -Senhora descontrolada espanca prefeito a bolsadas e depois descobre que não passava de um engano.
Quando acordei estava no hospital público. Do meu lado uma cara inxada e roxa, com um dos braços engessados. Era o prefeito. Ele disse que me desculpava pelo acontecido e que daqui para frente eu não precisaria mais pagar nenhum imposto. Não disse nada.
Ele então saiu mancando.
Pensei, da próxima vez meto mais porrada, quem sabe ele não me libera das contas e até do dízimo da igreja?

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Insônia Criminal


Bem, meu nome é Lucas e eu nem sei porque estou escrevendo ou apenas mentalizando essas palavras. A questão é que eu não tenho sono. Há dias que venho tentando dormir mais sempre fico na mesma situação.
Na verdade, a questão não é necessariamente meu sono. Mais sim a interrupção dele. É isso mesmo! Não tenho conseguido dormir porque na casa ao lado mora minha vizinha solteira e gostosa.
Ela é uma mulher alta, morena, e como já mencionei gostosa. Não tire conclusões precipitadas. Minha insônia não vem do fato dela ser muito boa. Deveria vir.
O problema mesmo são os ruídos estranhos que partem da parede meiada de nossos apartamentos. Deus! Eles são horríveis! Meus primeiros pensamentos relacionam um homem, ou vários. Mas se for mesmo sexo, é daqueles bem animais e por isso não acho provável.
Como dormir eu não ia conseguir mesmo, resolvi fazer uma pequena investigação. Levantei-me e fui de pijama ao corredor. Vários vizinhos haviam saído de seus apartamentos e especulavam o que estava acontecendo. A maioria estava mais interessada nos gritos eufóricos do que no assunto em si.
Larguei-os de mão e entrei em meu apartamento novamente. Encostei-me na parede meiada e tentei ouvir o que acontecia exatamente no vizinho. Não foi possível, os gemidos cessaram.
Me decepcionei na mesma hora. Droga! Logo agora que eu iria descobrir.
Deitei e falei pra mim mesmo que iria dormir. Novamente não consegui. Os gemidos haviam mesmo terminados, mas minha cabeça não saía daquele assunto: Como podem existir gemidos dentro de uma casa santa? Afinal madre Beatriz não era pra brincadeira. Além de muito gostosa, era beata e havia se tornado madre há poucas semanas, uma pena.
Refleti por mais um tempo e quando percebi havia dormido e o sol já raiava.
Como todo domingo, fui à padaria e pelo caminho deparei com madre Beatriz que me deu sua benção e se foi. Chegando a padaria encontrei alguns vizinhos fofocando sobre a madre, comum. Enfiei-me na conversa e de cara me assustei. Carlos, do 204, estava contando da noite MARAVILHOSA que teve com madre Beatriz.
Orgasmos múltiplos, sexo selvagem. Ele dizia que nunca tinha visto tanto fogo em uma mulher. Sua conversa chegou a me excitar. Mas fui logo saindo, achando que fosse uma grande mentira.
Mais à noite, vi Carlos entrando no apartamento da madre, vestido de padre. Ele disse baixinho que era desejo sexual. Não havia mais dúvidas, madre Beatriz era uma puta de uma piranha e Carlos estava se aproveitando.
Não dormi novamente, pensando nos orgasmos múltiplos e aquele corpo angelical nu. Amanheci um pouco sujo, sabe como é! Tomei um banho e fui para o trabalho. Aqueles pensamentos estavam me enlouquecendo.
Quando voltei madre Beatriz estava a minha espera. No começo fiquei assustado, mas a conversa me animou muito. Ela me convidava para uma “Noite de Bênçãos” em sua casa, somente nos dois. Aceitei logo e perguntei como deveria me vestir. Ela respondeu, achando a pergunta inusitada: a caráter lógico. Sorri continuamente e fui atrás de uma beca de padre.
A noite caiu e estava eu na porta da madre, louco de tesão e vestido de padre. Ela abriu a porta e me olhou estranho, não liguei. Entrei e fui logo dizendo: -Vamos começar?
Ela acendeu várias velas, pegou sua bíblia, me ajoelhou e começou a orar. Ela leva a sério mesmo a parada da fantasia sexual! Pensei comigo.
Aos poucos, eu comecei a passar a mão em sua roupa longa. Enfiei a mão pela beca e ela gritava: -Isso Senhor! Abençoe nos Senhor!
Os gritos aumentavam cada vez mais. Quando ela disse: -Me possua! Me possua! Não perdi tempo e joguei-a no chão, arrancando sua roupa e beijando todo seu corpo.
Ela se debateu, me socou e saiu correndo. Não entendi nada, mais ela batia bem. Meu rosto doía muito.
Quando voltou estava cheia de oficiais da polícia em volta. Contava a eles que estava recebendo o Espírito-Santo para me abençoar quando eu a ataquei.
Fiquei perplexo. Tudo havia se explicado. Carlos havia mentido, aquele filho-da-puta. Fui preso e o Espírito-Santo? O único a dominar aquele corpo maravilhoso.
Daria qualquer coisa para ser ele. Maldito Espírito-Santo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Nosso planeta

Ontem, deitado, com os olhos vendados, em posição de quem dorme acordado, eu fui além de minha própria existência; Embarquei num mundo nunca antes imaginado. Momentos antigos e especiais me passaram em mente, quase todos continham um ser em comum; Fiquei abismado ao sentir, entender.

Depois compreendi e observei que não havia motivo para tanta surpresa. Acho que eu nunca tinha analisado, por assim dizer, as obras desse ser no universo, no meu universo. Eu ri, gargalhei profundamente por nunca ter sequer dado importância. A importância verdadeira, digna.

Passaram-se detalhes, simples detalhes, que demonstravam claramente tudo que significava pra mim. Eu me maravilhava a cada instante. Eu te senti presente, como em todos os outros momentos em que você estava, sem ao menos estar.

As lágrimas que aos poucos desciam, turbulentas, glorificavam a tua presença distante. Nunca senti tamanha veracidade. E se transformavam em furacões de emoções, rodopiavam nos céus e arrastavam tudo que continha em mim. Observei que eram como você; Que tinham o magnífico poder de me olhar e transformar, e retirar, e colocar, e retirar novamente.

Com os minutos elas cessaram, agora somente silenciaram-se.

Eu, então, embarquei novamente em outro mundo. Colorido, lindo como você e seus sentidos aguçados. Poucos. Eu me prontifiquei a adorar, majestosamente. Adorar aqueles instantes de segundos, de reflexos, que passavam como trovões e clarões nos céus e me faziam recordar de um, de outro, de todos os momentos bons ou ruins que passei ao seu lado.

Quanto mais adentrava nesses planetas desabitados, mais podia compreender que não eram desabitados. Que como você, mesmo estando longe, estavam ali. Em alma, em coração, prontos a me auxiliar, sabendo que eu preciso, sabendo que eu sempre preciso do apenas olhar que me fita e soluciona os meus problemas. Solucei profundamente.

A maravilha daqueles segundos me engrandecia cada vez mais. E eu me perguntava: - Como eu não observei tudo isso antes? Automaticamente eu compreendia. Cansei de observar esse ser, cansei de olhar nos olhos e dizer tudo que eu precisava dizer, e que você precisava escutar. Aliás, cansei no sentido de realizar muitas vezes; Não no sentido de me esgotar em fazer. Não, jamais.

Senti uma pontada de vontade de gritar ao mundo. TUDO! Tudo que eles precisavam compreender sobre esse sentimento que eu mesmo acabava de desvendar. Depois, percebi que não havia necessidade, bastava que você soubesse; Mas que você tivesse certeza, absoluta certeza, principalmente do tamanho desse sentimento, do tamanho desse planeta habitado por dois seres em conjunto; Dois seres que unidos se complementam divinamente.

Eu senti orgulho em fazer parte desse famoso mundo. Eu senti um prazer imensurável em estar com você nessas batalhas interplanetárias. Resolvi, finalmente, descrever. Era preciso que toda a história da humanidade compreendesse que algo sobrenatural, fora do normal, havia existido entre dois seres num planeta distante.

Enfim, eu adormeci. Imaginando esse planeta. Nosso planeta.

PS. Homenagem a Amanda, a rainha do meu planeta.



terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Eu te amo!

Você veio para destruir os meus momentos de solidão. Você apareceu, me conquistou, me encantou, me equilibrou.
O presente divino que eu tanto pedi, tanto esperei, finalmente chegou. Agradeço a Deus por ter me dado forças para esperar. Valeu a pena.
Me exige um nível de maturidade emocional grande, verdade. Mas, me disponho a adquiri-lá com você, crescendo ao seu lado. Até pelo, aparentemente invencível teste dos olhares mórbidos, espantados, eu já passei.
Eu me sinto pronto. Perfeitamente pronto para você. Eu me sinto seu; e tenho a impressão de que isso estava predestinado desde o início da eternidade.