sábado, 1 de novembro de 2008

Certas dúvidas

- Existe alguma relação?
- É obvio, é claramente observável.
- Defina-a, por favor.
- Não posso. Não é possível assim. Até porque não a entendo o suficiente para defini - lá.
- Descreva-a então.
- Ela é forte, como um grande touro de prazer; ao mesmo tempo é frágil, como uma pequena pétala de flor que cai ao chão. É altamente nociva. Me faz bem com certeza, me acalma, me relaxa; é certo que as vezes me mata de puro tesão e ocasionalmente me destrói como um diabólico guerreiro, mas eu adoro ela. Diria que sem ela não tem mais graça.
- Esclareça-a mais.
- Não é exatamente amor. Não, amor é forte demais. Ainda não é amor. Também não é uma simples amizade. Não somos “ficantes”, muito menos namorados. Não temos nada e ao mesmo tempo temos o suficiente.
- Ok! E porque não desiste então? Já que te incomoda.
- Desistir por quê? Não há motivos, não faz sentido ignorar, desconsiderando o fato de que me fará sofrer.
- E futuramente? Talvez não sofra mais?
- Sim. É muito possível, talvez certo. Mas deixar de viver por isso? É egoísmo, é podre, não é meu desejo. Não.
- Você sente medo?
- Muito. Medo de novamente e novamente sofrer, ou apenas medo da decepção do que não existe. Medo do futuro. Não será nada fácil olhar e saber que não me pertence, não mais. Lembranças como essas são importantes o suficiente para nunca serem esquecidas. São fortes.
- Se arrepende? Olhando agora o todo, faria novamente?
- Absolutamente sim. É um crescimento inconsciente absurdo. É mágico e repetiria quantas vezes fosse preciso.
- E agora, fará o que exatamente?
- Nada. Por simplesmente não ter o que fazer. Deixarei me levar até onde a estrada me pareça, não segura, mas pelo menos clara aos meus faróis velhos e desgastados.